“Carta de Sancto Martino et de Rio Malo” é a epígrafe do mais antigo documento do actual território de Fafe.
O pergaminho, datado do ano de 956, faz parte de um códice do Arquivo da extinta Colegiada da Senhora da Oliveira de Guimarães, comummente conhecido por “Livro de Mumadona”.
Actualmente guardado no Arquivo Nacional da Torre do tombo, o “famoso” códice reúne várias dezenas de documentos, onde encontramos outras referências ao actual concelho de Fafe. Desta documentação daremos conta em trabalho, na forja, intitulado “Fafe no Livro de Mumadona – séculos X e XI”.
O presente documento formaliza o compromisso dos esposos, Astrulfu e Nomina, voluntariamente e na condição de “serviçais”, passarem a habitar e trabalhar na casa de Zamario (padre) e Farega (devota), na sua “villa” de “São Martino de Rio Malo”, actual paróquia de São Martinho de Fareja.
Os conjugues comprometem-se a prestar bom serviço na “villa” como na igreja e a pagar uma multa pesada caso não cumpram as suas obrigações.
Um documento com 1065 anos, reproduzido nas Inquirições de D. Afonso II em 1220, que aqui transcrevemos:
Carta de Sancto Martino et de Rio Malo
Astrulfu et nomina vobis zamario presbiter et farega per hune placitum nostrum uobis conpromittimus quomodo sedeamus uel habitemus in ustra casa et apud uos et in uestra villa et faciamus ibidem seruitio sicut facent homines bonos. et si in uestra casa fraudem fecerimus aut in uestra villa aut in uestro labore aut de nostro aut si in alia parte transire uoluerimus sine uestro mando aut sine uestra beneditione sicut in scriptura resona que sedeamus uestros seruus traditus post parte uestra et parte ecclesia sancti martini et insuper pariemus uobis x boues extra aliqua dilatatione et uobis perpetim. Facta placitus XIIII kalendas marcias. Era Dª CCCCª LXXXXª IIIIª. Astrufu et nomina in hoc olacitus manus nostras roboramus. Dado test. Ranemiro test. Eredo test. Aloito presbiter. Susana deuota test. Spanosendo test. Cidi presbiter test. Fafila presbiter scribsit.
In Guimarães, Oliveira, Vimaranis Monumenta Historica, Vimaranensis Senatus, Guimarães, 1908, p. 6.